[dropcap]A[/dropcap] realização de um grande evento, como o Campeonato do Mundo de Futebol 2014, ou adotando o espírito dos nossos irmãos brasileiros, a Copa do Mundo 2014, é uma excelente oportunidade para olharmos para as infraestruturas construídas.
Como profissional de Engenharia Civil, não posso deixar de olhar com entusiasmo e curiosidade para os estádios da Copa do Mundo.
A construção dos doze estádios que irão receber os jogos do Campeonato do Mundo, constituiu um grande desafio de engenharia, que culminou com a construção de verdadeiras obras de arte.
Em seguida, apresento um a um, os estádios que irão receber os jogos da Copa do Mundo 2014.
Arena Amazônia
[dropcap]A[/dropcap]construção de um estádio de futebol no coração da maior floresta do mundo acarretou inúmeros desafios. O primeiro dos quais foi, inevitavelmente, a questão da sustentabilidade.
Erguer uma obra de engenharia com estas dimensões numa área tão sensível, teria que ser feito com a sustentabilidade e a preservação em mente. A Arena Amazônica cumpre esses pressupostos, apresentando todo um conjunto de elementos, que garantem uma integração adequada no meio-ambiente.
Este estádio possui uma estrutura metálica, semelhante aos cestos de palha comuns na região amazónica, destinada a proteger a parte externa das arquibancadas.
A sustentabilidade é assegurada através do aproveitamento das águas da chuva e da luz solar. A Arena Amazônia inclui também algumas paredes vegetais, que ajudam a reduzir os gastos energéticos.
Estádio Castelão
[dropcap]O[/dropcap]ficialmente chamado Estádio Governador Plácido Castelo, mas mais conhecido como Estádio Castelão, esta arena data de 1973 e foi completamente renovada para receber a Copa do Mundo FIFA 2014.
A renovação deste estádio com capacidade para mais de 60 mil pessoas incluiu: construção de um novo estacionamento coberto com capacidade para mais de 1900 veículos, nova área de camarotes, área VIP, setor para a imprensa e reestruturação completa dos balneários.
O principal desafio da renovação do Estádio Castelão foi a melhoria dos acessos. Além da construção de duas novas estações de metro nas proximidades do estádio, foi também construídas quatro corredores exclusivos para transportes públicos.
Estádio das Dunas
[dropcap]O[/dropcap] estádio João Cláudio de Vasconcelos Machado, vulgo Machadão, não tinha a capacidade necessária para que o Rio Grande do Norte recebesse jogos da Copa do Mundo. A solução foi demolir este estádio e ginásio anexo, para erguer uma nova estrutura.
Assim nasceu o Estádio das Dunas, um recinto desportivo com capacidade para albergar cerca de 39 mil espectadores.
O aspeto mais impressionante do novo estádio é a ousadia da sua construção ondulada que pretende imitar as dunas de areia tão características da região de Natal. Tal como aconteceu na construção dos outros estádio, também no Estádio das Dunas houve uma intenção clara de identificar o estádio com a região em que se insere, com a inclusão de elementos típicos da cultura ou da natureza locais.
Arena de Pernambuco
[dropcap]L[/dropcap]ocalizada na bonita cidade do Recife, a Arena de Pernambuco é um bom exemplo do que deve ser um estádio urbano.
A Arena de Pernambuco alia alta tecnologia de acordo com as melhores tecnologias internacionais, com o papel de pilar da dinamização de toda a área urbana.
Em termos de construção, destaque para o revestimento em EFTE, o mesmo que confere à Allianz Arena (estádio do Bayern de Munique) um visual tão diferenciado.
Além da sua função desportiva, a Arena de Pernambuco será o centro de um novo polo urbano, que contará com restaurantes e bares, um centro comercial, hotel, teatro e cinema, desempenhando assim um papel fulcral no novo alinhamento urbano de Recife.
Arena Fonte Nova
[dropcap]A[/dropcap] Arena Fonte Nova é uma moderna e impressionante arena, com capacidade para 51.708 espectadores.
A cobertura metálica, inteiramente construída com materiais leves confere ao estádio um maior nível de conforto e um visual moderno e contemporâneo.
Assim como acontece com outros estádios construídos para a Copa do Mundo 2014, a Arena Fonte Nova integra um complexo que inclui outras infraestruturas: hotéis, prédios residenciais, centro comercial e um espaço para espetáculos.
A própria Arena Fonte Nova tem no seu interior um museu dedicado ao futebol e um restaurante panorâmico.
Desta forma, este estádio não é apenas um espaço de caráter desportivo, servindo como âncora para uma nova zona urbana.
Arena Pantanal
[dropcap]T[/dropcap]al como a Arena Amazônia, também a Arena Pantanal fica inserida num espaço ambientalmente sensível, com uma grande riqueza de fauna e flora. Por isso, um dos principais focos foi assegurar que a construção e manutenção do estádio seriam ecologicamente sustentáveis.
Toda a madeira usada na construção da Arena Pantanal é certificada e o conceito de logística reversa é usado no aproveitamento dos resíduos e entulhos. A preocupação ecológica na construção deste estádio é tal, que o estádio já recebeu o apelido de “Verdão”.
A capacidade deste estádio é de cerca de 40 mil espectadores, alcançada através de uma estrutura modelar que pode ser posteriormente retirada, reduzindo a lotação e tornando o espaço adequado para receber outros eventos.
Estádio Nacional de Brasília
[dropcap]O[/dropcap] Estádio Nacional de Brasília é um dos estádios mais imponentes e espetaculares da Copa 2014, o que não de espantar atendendo a que Brasília é a cidade do famoso arquiteto Óscar Niemeyer.
Esta enorme obra de engenharia tem capacidade para cerca de 70 mil espectadores e foi construída tendo como base o antigo estádio Mané Garrincha.
O Estádio Nacional de Brasília tem fachada completamente nova, cobertura com estrutura metálica e novas arquibancadas. O próprio relvado foi rebaixado, por forma a proporcionar aos adeptos uma melhor visão sobre o campo de jogo.
Também o Estádio Nacional de Brasília foi construído com fortes preocupações mentais em mente, apostando na reciclagem dos materiais de construção.
Estádio Mineirão
[dropcap]O[/dropcap] Estádio Mineirão foi inaugurado em 1965 e tem como nome oficial Estádio Governador Magalhães Pinto. O templo do futebol de Belo Horizonte foi profundamente remodelado para receber jogos do Campeonato do Mundo de Futebol.
Apesar de se tratar de uma remodelação e não de uma nova construção de raiz, as obras do Estádio Mineirão apresentaram alguma complexidade em termos de engenharia.
As obras de modernização incluíram: a melhoria da acessibilidade, o rebaixamento do relvado para melhorar a visibilidade e a inclusão de mecanismos com o objetivo de promover a sustentabilidade, como um sistema de reutilização da água da chuva, com capacidade para armazenar até 6.270.000 litros.
Arena de São Paulo
[dropcap]A[/dropcap] Arena de São Paulo é um dos estádios construídos de raiz para a Copa do Mundo 2014. A estrutura tem capacidade para receber 61.606 espectadores, sendo que 20 mil lugares são assegurados por uma estrutura temporária que pode ser depois removida.
A Arena de São Paulo é um estádio moderno concebido para colocar os espetadores mais perto do relvado, como sucede de forma frequente em alguns países europeus como a Inglaterra.
O estádio inclui dois edifícios com fachada em vidro, o Oeste e o Leste. Estes edifícios albergam estúdios de TV, lugares VIP, tribunas para a imprensa e camarotes corporativos.
Estádio do Maracanã
[dropcap]É[/dropcap] um dos recintos desportivos mais conhecidos em todo o mundo. Outrora popularizado como “o maior estádio de futebol do mundo” (chegou a receber mais de 200 mil espectadores), o Maracanã foi profundamente renovado para receber O Campeonato do Mundo de 2014.
Agora com capacidade para 74.689 espectadores, o Estádio do Maracanã continua a ser o maior estádio do Brasil.
Devido à sua dimensão, a remodelação do Estádio do Maracanã envolveu um tremendo trabalho de engenharia. O anel inferior foi completamente demolido, para dar lugar a uma nova arquibancada, foi instalada uma nova cobertura com capacidade de reutilizar a água da chuva e todas as cadeiras foram substituídas.
Apenas a fachada, declarada Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Brasil permaneceu intacta.
Estádio do Beira-Rio
[dropcap]E[/dropcap]m Porto Alegre, bem perto do Rio Guaíba, fica o Estádio do Beira-Rio. Construído em 1969, este é o maior estádio do Sul do Brasil.
A história da construção do Estádio José Pinheiro Borda (nome oficial) é curiosa, já que foram os próprios adeptos do Sport Club Internacional, o clube que joga do Beira-Rio, que contribuíram com os materiais necessários para a construção do recinto. Muitos deles, chegaram mesmo a trabalhar gratuitamente na obra.
A modernização do Beira-Rio teve como ponto mais notório a colocação de uma nova e inovadora cobertura metálica.
Para evitar a sua interdição durante as obras, foi adotada uma obra de engenharia modular, que permitiu que remodelação fosse realizada por etapas.
O Beira-Rio tem capacidade para 42.991 espectadores.
Arena da Baixada
[dropcap]A[/dropcap] Arena da Baixada fica em Curitiba e é um dos mais estádios mais modernos e funcionais do Brasil. Construído em 1914, a Arena da Baixa foi renovada em 1999, apresentando atualmente excelentes condições para receber os adeptos. O Estádio Joaquim Américo (nome oficial) foi seguramente o estádio que menos preocupações deu à organização.
Apesar disso, a Arena da Baixa também sofreu algumas remodelações e retoques, por forma a estar de acordo com todas as exigências da FIFA.
Durante a competição, serão colocados lances extra de arquibancadas ao longo do campo, aumentando assim a capacidade do recinto para 38.533 mil espectadores.
Conclusão – Ver Mais Além
[dropcap]S[/dropcap]e nos afastarmos de todas as polémicas relativamente a estes estádios e se olharmos para eles do ponto de vista de complexidade e beleza estrutural, facilmente podemos chegar à conclusão que estamos perante grandes feitos de engenharia.
Tenho que destacar a inclusão de elementos que relacionam os estádios com a área em que se inserem, como a estrutura metálica em forma de cestos palha da Arena Amazónica, ou a construção ondulada do Estádio das Dunas.
Igualmente importante foi a aposta na renovação de alguns dos estádios mais emblemáticos do Brasil, como o Maracanã, no qual a decisão passou por manter a fachada intacta, garantindo assim que exteriormente, aquele estádio conservará um aspeto que já faz parte da história do desporto (e da construção) mundial.
Da combinação de remodelação e de estádios erguidos de raiz resultou um conjunto de excelentes estádios, alguns dos quais que irão certamente produzir efeitos positivos nas comunidades em que se integram, servindo como núcleo de vastas renovações urbanísticas.